O que é Medicina Integrativa?

O que é medicina integrativa?

Antes de iniciar minha explicação sobre o que é Medicina Integrativa, é importante que você saiba um pouco sobre mim e sobre meu conhecimento na área.

Minha história como Médica Integrativa

Eu sou pediatra e hematologista pediátrica, após residência médica em pediatria e residência médica em hematologia pediátrica, ambas na UFRJ, concluí 2 pós-graduações em pediatria integrativa em instituições de ensino reconhecidas pelo MEC, sob coordenação de um corpo de professores extremamente capacitados e experientes na área.

Além disso, me dedico à assistência de pediatria geral com enfoque nas medicinas tradicionais, complementares e integrativas no meu consultório privado, à pesquisa na área de pediatria integrativa, nos mapas de evidência científicas no CABSIN – Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa e ao ensino na disciplina de medicina tradicionais, complementares e integrativas da faculdade de medicina da UFRJ.

Clique aqui para entender sobre a pediatria integrativa em essência.

Como ser um Médico Integrativo?

É muito comum que as pessoas me perguntem o que é necessário para ser um médico integrativo. É por isso que antes de partir para o tópico central do texto,você deve ampliar sua visão e tirar de uma vez por todas da cabeça que exista uma “luta” entre as medicinas e, por conseguinte, entre os médicos. Te convido a ir para o caminho do meio, do equilíbrio. Caminho do bom senso.

A verdade é que existe 1 medicina. A bela medicina. A boa e velha medicina. A medicina hipocrática que é naturalmente integrativa porque vê o paciente como um todo e o coloca no centro do cuidado (mente, corpo e espírito). Essa é a medicina que une os conhecimentos convencionais aos complementares e tradicionais para oferecer o que há de melhor para o paciente. A medicina integrativa nesses moldes é o resgate da boa e velha medicina que nem de longe é o “basal” de todos os meus colegas médicos.

O que significa Medicina Integrativa?

Todas as áreas de conhecimento na medicina possuem suas sombras, seus pontos de melhoria. Beira a ingenuidade achar que uma visão, um único modelo de assistência, uma única prática médica responda o tempo todo à complexidade humana em todos os cenários. Ou seja, nem sempre nebulização com chá de sálvia para tosse e nem sempre Allegra ou clenil A para tosse. Ok?

A definição base do que é a medicina integrativa, que é a definição da Organização Mundial da Saúde é a seguinte: o cuidado de saúde integrativo reúne abordagens convencionais e complementares/tradicionais de forma coordenada. Enfatizam uma abordagem holística e focada no paciente para cuidados de saúde e bem-estar – incluindo aspectos mentais, emocionais, funcionais, espirituais, sociais e comunitários – e tratam a pessoa como um todo e não só sua condição/doença isolada. Essa é a medicina integrativa de verdade.

Ser médico com enfoque integrativo pressupõe ter o conhecimento do que é ter uma visão sistêmica do paciente, de colocá-lo no centro do cuidado, estudar mais o paciente do que a patologia. Não é apenas entender a parte física do corpo de forma mais aprofundada e pouco sobre o paciente como um todo. Não é trocar uma prescrição de alopáticos prescritos indiscriminadamente e com evidências científicas frágeis (Sim. São poucos os médicos convencionais, alopatas baluartes da ciência nas suas áreas) por práticas integrativas, medicamentos naturais ou não, suplementações vitamínicas, prescritos indiscriminadamente e sem as melhores evidências científicas possíveis.

Não se confunda! – Os “tipos” de Medicina Integrativa

Em meados de 2017, a unidade técnica de Medicina Tradicional e Complementar da OMS adicionou o termo “Medicina Integrativa” para abordagens integrativas de Medicinas tradicionais, complementares e medicina convencional em relação a políticas, conhecimentos e práticas. Ou seja, ser médico integrativo pressupõe-se ter conhecimentos dos 3 modelos de assistência: tradicional, complementar e convencional.

Eu sou pediatra com enfoque, com visão, com olhar, com experiência nos conhecimentos das medicinas tradicionais, complementares e integrativas. Para ser especialista é necessário RQE que só é adquirido após residência médica ou prova de título na especialidade, como eu tenho na pediatria e na hematologia pediátrica.

Temos que estudar muito (sermos bons consumidores de ciência, pelo menos ou então fazer pesquisa na área) para termos o conhecimento das medicinas complementares e tradicionais, dos produtos naturais como fitoterapia, aromaterapia, das práticas não farmacológicas como mindfulness, yoga, dos produtos dinamizados, como medicamentos antroposóficos, homeopatia e ver o que tem as melhores evidências para cada caso. Avaliar segurança e eficácia, custo X benefício, em cada caso.

Medicina Integrativa no Brasil e no mundo

Medicina integrativa não é especialidade médica e nem área de atuação no Brasil, por enquanto. Eu não sou pediatra especialista em pediatria integrativa, aliás, nenhum pediatra pode se intitular como integrativo, atualmente, no Brasil.

No Brasil não há residência médica de pediatria integrativa, como há nos Estados Unidos. Aqui há poucas pós-graduações reconhecidas pelo MEC com corpo clínico qualificado para ensinar a medicina integrativa de boa qualidade. Há 2 faculdades públicas de medicina que ensinam as medicinas tradicionais, complementares e integrativas aos estudantes de medicina. As PICS, políticas nacionais de práticas integrativas complementares no SUS foram instituídas no Brasil há quase 20 anos.

  • A Medicina tradicional: A medicina tradicional tem uma longa história, ancestralidade ou tradição. É a soma de conhecimentos, capacidades e práticas baseadas em teorias, crenças e experiências de diferentes culturas, explicáveis pelos métodos científicos atuais ou não, utilizadas para manter a saúde e prevenir, diagnosticar, melhorar ou tratar doenças físicas e mentais – segundo a OMS. Exemplos: Medicina Ayurvédica e Medicina Chinesa.

  • Medicina complementar: Se refere a um amplo conjunto de práticas de saúde que não fazem parte da tradição ou da medicina convencional de um determinado país e podem não estar totalmente integradas ao sistema de saúde vigente. Exemplos: homeopatia, antroposofia e medicina biológica, homotoxicologia.

  • Medicina convencional: É a medicina fundada no modelo biomédico construída sob a ótica da fragmentação do ser humano, do curativismo dentre outras características. Nesse modelo de assistência, a saúde constitui-se por ausência de doenças, anomalias ou dores. O ser humano é uma máquina e o mal funcionamento dessa máquina é a doença. Aprendemos nas faculdades de medicina essa concepção de saúde-doença e o médico convencional utiliza esses conhecimentos para a sua prática. Esse modelo não é ruim, ele é necessário sim, utilizo essa importante base de Fisiologia, patologia, anatomia para a assistência aos meus pacientes, porém sozinho esse modelo já não atende mais às novas demandas dos pacientes principalmente, à luz dos novos conhecimentos científicos: epigenética, é um exemplo rico, onde fica claro que o DNA não é uma unidade estática, fragmentada do ser humano, entendimento do expossoma, da explosão de doenças crônicas não transmissíveis que sob a ótica do entendimento ampliado dos processos saúde-doença, do aprofundamento e ampliação do repertório semiológico, propedêutico e terapêutico, são melhor compreendidas e RESOLVIDAS somente pelo modelo convencional, biomédico.

Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS
Organização Mundial da Saúde- OMS

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